APELO A CONTRIBUTOS/CALL FOR PAPERS
Dossier: “Interseccionalidade, Comunicação e Cultura: (Entre)Cruzamentos de Matrizes de Opressão e Privilégio”.
Coordenação:
Carla Cerqueira – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho e Universidade Lusófona do Porto
Sara Isabel Magalhães – Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Data de submissão – 25 de novembro (a publicar em maio 2017)
Os estudos de género e/ou feministas da comunicação e da cultura começam a apresentar uma forte consolidação na academia, quer a nível internacional, quer no contexto português. Nesta área de investigação é cada vez mais importante desconstruir uma categorização social que promove e reifica assimetrias de poder, o pensamento de um só eixo (single-axis) e universal de género (gender-universal), e procurar questionar matrizes de dominação e subordinação, de desigualdades e privilégios.
O dossier temático que aqui se apresenta tem como principal objetivo compilar propostas teóricas, metodológicas e empíricas focadas na área da comunicação e da cultura, assentes num posicionamento interseccional (Crenshaw 1991; Nogueira 2011, 2013; May 2014; McCall 2005). Esta perspetiva pretende enfatizar a existência de vários eixos de desigualdade, não se resumindo, assim, a uma mera adição de categorias, antes apontando para o entrecruzar com o género – ainda que não numa matriz hierarquizada (May 2014) – enquanto elemento político de promoção de igualdade, de cidadania e do sistema democrático (McCall 2005; Nogueira 2011, 2013).
Assim, este call for papers convida à submissão de propostas de diferentes áreas disciplinares, de âmbito nacional, internacional e/ou comparativo, que procurem rebater abordagens categoriais mais singulares e delimitadas, que manifestamente adoptam posturas de sub- ou sobre-inclusão grupal e que, assim, ignoram experiências concretas de indivíduos que se posicionam na intersecção de vários grupos sociais (Crenshaw 2002). Por conseguinte, pretende-se refletir sobre os estudos da comunicação e da cultura partindo de uma proposta ampla, teórica e política, que se propõe escapar às matrizes sociais que “sujeita[m] a interseccionalidade às formas epistémicas de dominação que pretende desconstruir” (May 2014, 95). Destaca-se, por fim, a importância de olhar a comunicação e a cultura nas suas múltiplas variantes como elementos/instrumentos de desconstrução de hierarquias de “pessoalidade” (personhood) pela promoção de representações mais próximas das idiossincrasias individuais, mas também do estímulo a uma promoção da literacia para a diversidade sociocultural.
Enraizado numa perspetiva feminista contemporânea, que vai além das questões de homens e mulheres e que integra um “espectro muito mais amplo, pela sua hifenização [...] com outros movimentos e outras preocupações sociais e políticas” (Oliveira 2015, 75), este dossier temático da ex aequo procura dar voz e visibilidade a contributos que tenham como objeto de análise a interseccionalidade nos estudos da comunicação e da cultura.
Sem excluir à partida outros contributos no mesmo âmbito de trabalho, procuramos propostas que reflitam teórica, metodológica e empiricamente, nomeadamente:
- Reflexões que perspetivem os estudos de género e feministas dos media na sua abertura à teoria da interseccionalidade.
- Conceptualizações teóricas e metodológicas sobre a integração da teoria da interseccionalidade nos estudos da comunicação e da cultura.
- Análises críticas, assentes na teoria da interseccionalidade, aplicadas aos vários eixos de produção comunicacional e de cultura (produção, representação e/ou recepção).
- Comentários reflexivos de estruturas multideterminadas de opressão e privilégio e a sua potenciação nos/pelos media.
- Relatos, mediatizados, de processos de visibilidade, “vocalidade” e significado face a matrizes, intra- e inter-categoriais, de privilégio e opressão.
- Apreciações críticas de políticas públicas e/ou práticas profissionais de integração da diversidade pela/na produção mediática.
- Posicionamentos interseccionais que reflitam sobre os usos e potencialidades da literacia mediática e cultural.
- Estudos sobre movimentos e ações de contestação de hierarquias de poder multi-opressivas no âmbito da cultura e da comunicação.
Referências:
Crenshaw, Kimberlé. 1991. “Mapping the Margins: Intersectionality, Identity, Politics and Violence Against Women of Color”. Stanford Law Review 43: 1241-99.
Crenshaw, Kimberlé. 2002. “Documento para o encontro de especialistas em aspetos da discriminação racial relativos ao género”. Estudos Feministas 1: 171-188.
May, Vivian M. 2014. “'Speaking into the Void?’. Intersectionality critiques and Epistemic Backlash”. Hypatia 29(1): 94- 112.
McCall, Leslie. 2005. “The complexity of intersectionality”. Signs 30(3): 1771-1800.
Nogueira, Conceição. 2011. “Introdução à teoria da interseccionalidade nos Estudos de Género”. In Sofia Neves (Eds). Género e Ciências Sociais, 67-78. Maia: Edições ISMAI.
Nogueira, Conceição. 2013. “A teoria da Interseccionalidade nos estudos de género e sexualidades: condições de produção de “novas possibilidades” no projeto de uma psicologia feminista crítica”. In: Ana Lídia Brizola et al. (Orgs) Práticas Sociais, políticas públicas e direitos humanos, 227-248. Florianópolis: Abrapso/Nuppe/CFH/UFSC.
Oliveira, João M. 2015. “Mil Géneros”. Vírus 7: 74-76.
Prazo de envio:
Envio de artigos, com escrupuloso cumprimento das normas da revista apresentadas em http://www.apem-estudos.org/pt/page/submissao-de-artigos, até 25 de novembro, para o endereço apem1991@gmail.com. Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem cientifica. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, da submissão, sob anonimato, à dupla arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número é maio de 2017.
CALL FOR THE ISSUE 35 of EX ÆQUO:
*INTERSECTIONALITY, COMMUNICATION AND CULTURE: CROSSOVERS MATRICES OF OPPRESSION AND PRIVILEGE*
Guest Editors:
Carla Cerqueira – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho e Universidade Lusófona do Porto
Sara Isabel Magalhães – Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto .
Deadline: 25 November (for publication in May 2017)
Gender and/or Feminist Communication and Culture Studies begin to show a strong consolidation at the academia, whether at an International level or in the Portuguese context. In this area of research it is increasingly important to deconstruct a social categorization that promotes and reifies asymmetries of power, the single axis and universal gender thinking; and seek to question matrices of domination and subordination, inequalities and privileges.
The thematic dossier presented here aims to compile theoretical, methodological and empirical proposals focused in the area of communication and culture, based on an intersectional position (Crenshaw 1991; Nogueira 2011, 2013; May 2014; McCall 2005). This perspective is meant to emphasize the existence of multiple axes of inequality; still it is not limited to the mere addition of categories, but the interlacing with gender - although not in a hierarchical matrix (May 2014) - which is proposed as part of a political promotion of equality, citizenship and of democratic system (McCall 2005; Nogueira 2011, 2013).
Therefore this call for papers invites the submission of proposals from different disciplines of national, international and/or comparative scope, seeking to rebut singular and delimited categorical approaches, which clearly adopt stances of under- or over- group inclusion and thus ignore concrete experiences of individuals who position themselves at the intersection of various social groups (Crenshaw 2002). Thus, we intend to reflect on the study of communication and culture starting from a broad proposal, theoretical and policy, which aims to escape the social matrix that "subject intersectionality to epistemic forms of domination that aims to deconstruct" (May 2014, 95). Noteworthy, finally, the importance of looking at the communication and culture in its many variants as elements / deconstruction instruments hierarchies of personhood by promoting closer representations of individual idiosyncrasies; but also stimulating a literacy promotion for the sociocultural diversity.
Entrenched in a contemporary feminist perspective, that goes beyond the issues of men and women and that includes a "much broader spectrum, for its hyphenation [...] with other movements and other social and political concerns" (Oliveira 2015, 75), this thematic dossier of ex aequo seeks to give voice and visibility to contributions which have as their object of analysis intersectionality in the study of communication and culture.
These include, but are not excluded by default from others in the same scope of work, proposals reflecting theoretical, methodological and empirical about the following:
- Reflections that perspective gender studies and feminist media at its opening to the theory of intersectionality.
- Theoretical and methodological conceptualizations on the integration of the theory of intersectionality in the study of communication and culture.
- Critical analysis, based on the theory of intersectionality, applied to several axes of communicational and culture production (production, representation and / or reception).
- Reflective reviews of multi-determined structures of oppression and privilege and their potentiation in / by the media.
- Reports, mediated, of visibility processes, "voicing" and meaning facing of, intra- and inter-categorical, matrixes of privilege and oppression.
- Critical assessment of public policy and / or professional integration of diversity practices by / in media production.
- Intersectional placements that reflect on the uses and potential of media and cultural literacy.
- Studies on movements and protest actions of multi-oppressive power hierarchies within the culture and communication fields.
References:
Crenshaw, Kimberlé. 1991. “Mapping the Margins: Intersectionality, Identity, Politics and Violence Against Women of Color”. Stanford Law Review 43: 1241-99.
Crenshaw, Kimberlé. 2002. “Documento para o encontro de especialistas em aspetos da discriminação racial relativos ao género”. Estudos Feministas 1: 171-188.
May, Vivian M. 2014. “'Speaking into the Void?’. Intersectionality critiques and Epistemic Backlash”. Hypatia 29(1): 94- 112.
McCall, Leslie. 2005. “The complexity of intersectionality”. Signs 30(3): 17711800.
Nogueira, Conceição. 2011. “Introdução à teoria da interseccionalidade nos Estudos de Género”. In Sofia Neves (Eds). Género e Ciências Sociais, 67-78. Maia: Edições ISMAI.
Nogueira, Conceição. 2013. “A teoria da Interseccionalidade nos estudos de género e sexualidades: condições de produção de “novas possibilidades” no projeto de uma psicologia feminista crítica”. In: Ana Lídia Brizola et al. (Orgs) Práticas Sociais, políticas públicas e direitos humanos, 227-248. Florianópolis: Abrapso/Nuppe/CFH/UFSC.
Oliveira, João M. 2015. “Mil Géneros”. Vírus 7: 74-76.
Deadline and guidelines for submission
All submissions have to abide by the publication guidelines of ex æquo, which are available at http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, and the papers should be sent until 25 of November, to the e-mail apem1991@gmail.com. The submissions that do not abide by the publication guidelines of ex æquo (e.g. references, tables and figures, article length) will be immediately excluded from the arbitrage process. Within four weeks after submission, the authors will receive an email informing of the decision to send the paper for peer review or the exclusion from the arbitrage process. The date due for publication of this special number is May 2017.
Llamada para el envío de manuscritos – Dossier Temático ex æquo, n.º 35, 2017
INTERSECCIONALIDAD, COMUNICACIÓN Y CULTURA: (ENTRE)CRUZAMIENTOS DE MATRICES DE OPRESIÓN Y PRIVILEGIO
Coordinadoras:
Carla Cerqueira – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho e Universidade Lusófona do Porto
Sara Isabel Magalhães – Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Fecha para el envío de artículos: 25 de Noviembre (para ser publicados en mayo de 2017)
Los estudios de género y/o feministas de la comunicación y de la cultura están experimentando una fuerte consolidación científica, a nivel internacional, algo que también acontece en el contexto portugués. En esta área de investigación resulta cada vez más importante deconstruir una categorización social que promueve y reifica asimetrías de poder, consolida el pensamiento de un solo eje (single-axis) y comporta una visión universal de género (gender-universal), intentando cuestionar los modelos de dominación y subordinación, de desigualdades y privilegios.
El dossier temático que presentamos tiene como principal objetivo compilar propuestas teóricas, metodológicas y empíricas que apliquen la perspectiva interseccional (Crenshaw, 1991; Nogueira, 2011, 2013; May, 2014; McCall, 2005) al área de la comunicación y de la cultura. Este enfoque teórico, que se propone como elemento político de promoción de igualdad, de ciudadanía y del sistema democrático (McCall, 2005; Nogueira, 2011, 2013), destaca la existencia de varios ejes de desigualdad que, de forma no jerarquizada (May, 2014), conviven, interactúan y se entrelazan con a la discriminación de género.
Así, este call for papers invita al envío de propuestas de diferentes áreas disciplinares que, a nivel nacional, internacional y/o comparativo, contribuyan a refutar enfoques categoriales singulares y específicos, que claramente sostienen posturas de sub- o sobre-inclusión grupal y que, de esta manera, ignoran experiencias concretas de individuos que se sitúan en la intersección de varios grupos sociales (Crenshaw, 2002). Se trata, pues, de reflexionar sobre los estudios de la comunicación y la cultura a partir de una amplia propuesta, teórica y política, cuyo objetivo es escapar a los modelos sociales que “sujeta[n] la interseccionalidad a formas epistémicas de dominación que [esta] pretende deconstruir” (May, 2014:95). La propuesta procura, por último, reivindicar el papel de la comunicación y la cultura en sus diversas variantes como elementos potencialmente determinantes en la deconstrucción de jerarquías de “personalidad” (personhood) mediante la promoción de representaciones más cercanas de las idiosincrasias individuales, al tiempo que destaca su capacidad de estímulo a la educación para la diversidad sociocultural.
Enraizado en una perspectiva feminista contemporánea, que trasciende las cuestiones relativas a hombres y a mujeres, y que aborda un “espectro mucho más amplio, por su relación [...] con otros movimientos y otras preocupaciones sociales y políticas” (Oliveira, 2015, 75), este dossier temático de la ex aequo procura dar voz y visibilidad a contribuciones que tengan por objeto de análisis la interseccionalidad en los estudios de la comunicación y de la cultura.
Estos comprenden, aunque no de forma excluyente, propuestas de reflexiones teóricas, metodológicas y empíricas como las que se citan a continuación:
- Reflexiones que aborden los estudios de género y feministas de los medios de comunicación social en su apertura a la teoría de la interseccionalidad.
- Conceptualizaciones teóricas y metodológicas sobre la integración de la teoría de la interseccionalidad en el estudio de la comunicación y la cultura.
- Análisis críticos, basados en la teoría de la interseccionalidad, aplicados a los diferentes ámbitos de producción comunicacional y cultural (producción, representación y/o recepción).
- Comentarios reflexivos de estructuras multideterminadas de opresión y privilegio y de su potenciación en/por los medios de comunicación social.
- Relatos mediatizados de procesos de visibilidad, “vocalidad” y significado con matrices, intra- y inter-categoriales, de privilegio y opresión
- Evaluación crítica de las políticas públicas y/o prácticas profesionales de la integración de la diversidad a través/en la producción mediática.
- Posicionamientos interseccionales sobre los usos y potencialidades de la educación mediática y cultural.
- Movimientos y acciones de contestación de jerarquías de poder multi-opresivas en la cultura y la comunicación.
Referencias:
Crenshaw, Kimberlé. 1991. “Mapping the Margins: Intersectionality, Identity, Politics and Violence Against Women of Color”. Stanford Law Review 43: 1241-99.
Crenshaw, Kimberlé. 2002. “Documento para o encontro de especialistas em aspetos da discriminação racial relativos ao género”. Estudos Feministas 1: 171-188.
May, Vivian M. 2014. “'Speaking into the Void?’. Intersectionality critiques and Epistemic Backlash”. Hypatia 29(1): 94- 112.
McCall, Leslie. 2005. “The complexity of intersectionality”. Signs 30(3): 17711800.
Nogueira, Conceição. 2011. “Introdução à teoria da interseccionalidade nos Estudos de Género”. In Sofia Neves (Eds). Género e Ciências Sociais, 67-78. Maia: Edições ISMAI.
Nogueira, Conceição. 2013. “A teoria da Interseccionalidade nos estudos de género e sexualidades: condições de produção de “novas possibilidades” no projeto de uma psicologia feminista crítica”. In: Ana Lídia Brizola et al. (Orgs) Práticas Sociais, políticas públicas e direitos humanos, 227-248. Florianópolis: Abrapso/Nuppe/CFH/UFSC.
Oliveira, João M. 2015. “Mil Géneros”. Vírus 7: 74-76.
Plazo de envío:
El envío de los artículos deberá realizarse con escrupuloso cumplimiento de las normas presentadas en http://www.apem-estudos.org/en/page/submissao-de-artigos, hasta el 25 de Noviembre para apem1991@gmail.com.
Los textos que no respeten las normas en cuanto a extensión, formato, y modo de citar y referenciar fuentes bibliográficas serán excluidos en una primera selección antes de ser sometidos a arbitraje. En el plazo de cuatro semanas tras de la fecha límite de recepción, las/los autoras/es recibirán información sobre los resultados de la primera selección y el paso a la siguiente etapa, es decir, al envío del texto para su revisión por pares (peer review). La fecha prevista para la publicación de este número especial es mayo de 2017.